Artrose no joelho: o que é, sintomas, causas e como é possível tratar.

Profissional de saúde fazendo exames em paciente com artrose no joelho

A artrose no joelho é uma doença bastante comum entre os motivos para consultas reumatológicas. Os variados tipos de artroses, na realidade, estão entre as principais doenças do tipo diagnosticadas no mundo. Ela é tão comum, mas, ao mesmo tempo, tão mal compreendida que muita gente pensa que é uma doença exclusiva do público mais velho. 

Sim, 80% da população acima dos 65 anos sofre com o problema, mas adultos a partir dos 45 anos já fazem parte do grupo de risco. Será que você está entre uma das pessoas que têm altas chances de sofrer com a doença? 

Responderemos isso mais à frente. Continue lendo para entender exatamente como a doença ocorre, quem está no grupo de risco, como ocorre o diagnóstico e o tratamento. 

O que é artrose no joelho? 

A artrose no joelho, também chamada de osteoartrite, é uma doença que ocorre como consequência do desgaste da cartilagem. Para entender melhor sua formação, precisamos revisar rapidamente como funciona a articulação do joelho. 

Essa articulação une a parte inferior do fêmur à parte superior da tíbia através da patela, um osso redondo que permite o deslizamento articular. Lembre-se que ele é responsável por aguentar boa parte da pressão dos movimentos e o peso do corpo. Por isso, é considerado como uma das maiores e mais fortes articulações do corpo. 

Para tornar todo esse movimento possível, toda a superfície articular é recoberta por cartilagem. Esse tecido gelatinoso facilita o deslizamento e diminui drasticamente o atrito entre os ossos. Com o tempo, a cartilagem torna-se ressecada e diminui sua espessura no processo que chamamos de artrose. 

No entanto, vale a pena mencionar que nem todas as pessoas mais velhas desenvolvem o problema. Mesmo quem possui histórico familiar da doença pode chegar a não desenvolvê-la. Afinal de contas, existem inúmeros fatores que levam ao surgimento da condição e da dor que é sua consequência. 

Quem está no grupo de risco para artrose no joelho?

A artrose no joelho é mais comum em pessoas da terceira idade, sendo que 80% desse público chegam a desenvolver algum tipo de osteoartrite. No entanto, adultos mais jovens também fazem parte do grupo de risco, especialmente, quando apresentam algum dos fatores abaixo ou uma combinação deles:

  • Excesso de peso ou obesidade; 
  • Trabalha com movimentos repetitivos de abaixar e levantar; 
  • Permanece sentado por muito tempo; 
  • Sofreu lesões ou impactos fortes no joelho;
  • Pratica esportes de alto impacto;
  • Presença de outra doença reumatológica; 
  • Histórico familiar da doença. 

As artroses são condições multifatoriais. Ou seja, não podemos assumir que uma pessoa vai chegar a ter o problema, porque possui somente um desses fatores de risco. Por isso, consultas periódicas com um reumatologista é a melhor forma de realizar um diagnóstico cedo e iniciar o tratamento. 

Mulher com dor por artrose no joelho - Dr. Marcelo Reumatologista

Principais sintomas 

A artrose no joelho é uma frequente causadora de dor na articulação. Existem também outros sinais aos quais o paciente deve manter-se alerta, como: 

  • Perda de mobilidade do joelho;
  • Estalos ou barulhos dos joelhos durante o movimento; 
  • Perda de força na articulação; 
  • Inchaço e vermelhidão; 
  • Articulação torta ou aparentemente desalinhada. 

Nem todos os pacientes apresentam os mesmos sintomas. Tudo depende do grau de desgaste da cartilagem e do comprometimento articular. Quando pacientes apresentam um aparente “entortamento” dos joelhos, por exemplo, é possível que exista desgaste ósseo. Ou seja, é um quadro mais avançado da doença. 

O que pode piorar a artrose no joelho?

Por ser uma doença degenerativa, a artrose no joelho tende a se agravar ao longo do tempo. Fatores, como falta de atividade física e excesso de peso, aceleram o processo de degeneração da cartilagem, agravando os sintomas. 

Confira na lista seguinte os fatores mais prejudiciais para a condição:

  • Excesso de peso: o sobrepeso aumenta a pressão sobre as articulações do joelho, acelerando o desgaste da cartilagem;
  • Atividades de alto impacto: exercícios ou atividades que envolvem saltos, corrida intensa ou movimentos repetitivos causam estresse adicional nas articulações;
  • Sedentarismo: a falta de atividade física enfraquece os músculos que sustentam a rótula, levando a uma maior instabilidade e dor;
  • Lesões anteriores: como entorses ou fraturas, aumentam o risco de desenvolvimento de artroses e agravam a condição existente;
  • Idade: o envelhecimento é um fator de risco significativo, já que a cartilagem se desgasta naturalmente ao longo do tempo;
  • Hereditariedade: a predisposição genética influencia o desenvolvimento da artrose;
  • Alimentação inadequada: uma dieta pobre em nutrientes essenciais, como ômega-3, vitaminas e minerais, impacta negativamente a saúde das articulações;
  • Desalinhamento articular: como joelhos em varo ou valgo, aumentam a pressão em áreas específicas;
  • Estresse: seja ele físico ou emocional, contribui para a percepção da dor, tornando os sintomas mais intensos.

Artrose no joelho vs. artrite reumatoide

Muitos pacientes confundem quadros de artrose no joelho com outros de artrite reumatoide. Os nomes são similares e as duas realmente são parte do grupo de doenças reumatológicas. No entanto, elas ocorrem de formas bastante diferentes no corpo. 

A artrite é uma doença degenerativa crônica que afeta diversas articulações. É comum que o paciente que apresenta o problema em um dos joelhos também apresente no outro e até no quadril, coluna, entre outras regiões. Além disso, ela se desenvolve rapidamente na maioria dos casos. 

A parte da articulação afetada também é diferente. Enquanto a artrose ocorre por causa do desgaste da cartilagem, a artrite é caracterizada por uma inflamação na membrana sinovial. Chamamos o quadro de sinovite, algo que causa dor aguda e intensa, muitas vezes impedindo o paciente de se mover corretamente. 

O quadro de artrite reumatoide ocorre por causa de ataques do próprio sistema imunológico à membrana sinovial. Ao mesmo tempo, a artrose surge por causa de um desgaste mecânico e natural de articulações. No entanto, fique atento: é muito comum que pacientes que já foram diagnosticados com artrite depois recebam o diagnóstico de artrose. 

Esse é mais um motivo para manter o acompanhamento de rotina com um reumatologista. 

Causas de acordo com reumatologistas

Reumatologistas dividem a artrose no joelho em dois tipos com causas distintas:

  • Primária: não possui causa conhecida. É possível que diversos fatores de risco influenciem nesses casos, porém também existem pessoas sem fatores significativos que chegam a desenvolvê-la; 
  • Secundária: é aquela que surge por causa de um evento específico, como ganho repentino de peso ou trauma na articulação. Outras possíveis causas incluem doenças reumatológicas e infecciosas e fraturas. 
Perna de homem com artrose no joelho - site Dr. Marcelo Correa - Reumatologista em Belém - PA

Como ocorre o diagnóstico das osteoartrites

As osteoartrites combinam a avaliação médica e exames de imagem para avaliar o dano articular sofrido. Primeiramente, o reumatologista deve avaliar se o paciente possui algum dos fatores de risco que mencionamos anteriormente, para verificar as chances da dor no joelho surgir por uma artrose. 

A avaliação física permite verificar os níveis de dor e perda de mobilidade da articulação. No entanto, não é possível confirmar um diagnóstico claro somente com a avaliação clínica. Ainda é necessário fazer alguns exames de imagem, como: 

  • Raio-X do joelho: não permite ver o desgaste da cartilagem em si, mas mostra sinais de inflamação e possíveis danos ósseos; 
  • Ultrassom: permite ver os tecidos moles ao redor do joelho e identificar o grau de desgaste; 
  • Ressonância magnética: outro exame que permite identificar o nível de desgaste causado pela artrose. 

A combinação de exames é a forma mais segura de diagnosticar qualquer tipo de reumatismo. Afinal de contas, seus sintomas podem ser confundidos com facilidade com outras doenças reumáticas e até lesões na região. 

Qual é o tratamento para artrose no joelho?

A artrose no joelho é uma doença crônica, ou seja, não possui cura conhecida. Mesmo assim, o paciente consegue levar uma rotina normal, incluindo práticas laborais e atividades físicas, com o tratamento correto. Inicialmente, o médico procura aliviar os sintomas de dor e perda de mobilidade. Os analgésicos e anti-inflamatórios são parte importante dessa fase. 

Também é possível combinar o tratamento medicamentoso a fisioterapia e outras técnicas. O objetivo é sempre evitar que os danos articulares fiquem piores, além de recuperar os movimentos perdidos. 

Em casos mais graves, é possível que o paciente possa precisar de procedimentos cirúrgicos.

Os medicamentos para artrose no joelho têm como principal objetivo aliviar a dor e reduzir a inflamação. Os analgésicos, como paracetamol e dipirona, são indicados para casos leves a moderados, proporcionando alívio sem os efeitos colaterais dos anti-inflamatórios. 

Já os anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), como ibuprofeno, naproxeno e diclofenaco, são prescritos para reduzir a inflamação e a dor, mas seu uso prolongado deve ser monitorado devido ao risco de problemas gástricos, renais e cardiovasculares. 

Tratamento com infiltrações e uso de órteses

As infiltrações articulares são uma alternativa para pacientes que não respondem bem aos medicamentos orais. A aplicação de corticoides diretamente na articulação pode reduzir a inflamação e aliviar a dor por semanas ou meses, mas seu uso excessivo pode enfraquecer a cartilagem. 

Outra opção é a infiltração com ácido hialurônico, que age como um lubrificante, melhorando a mobilidade e reduzindo o desconforto. Mais recentemente, o plasma rico em plaquetas (PRP) tem sido estudado como um tratamento regenerativo, utilizando fatores de crescimento presentes no próprio sangue do paciente para estimular a reparação da cartilagem.

O uso de órteses e dispositivos auxiliares pode ser fundamental para aliviar a sobrecarga do joelho e melhorar a mobilidade. Em casos de maior limitação, bengalas ou andadores diminuem o impacto sobre os joelhos e evitam quedas.

Opções cirúrgicas

Quando os tratamentos conservadores não oferecem mais alívio, as opções cirúrgicas podem ser consideradas. A artroscopia é um procedimento minimamente invasivo indicado para remoção de fragmentos soltos de cartilagem, podendo aliviar a dor em alguns casos. 

Já a osteotomia é uma cirurgia que realinha os ossos para redistribuir a carga sobre o joelho, sendo mais comum em pacientes mais jovens. Nos casos mais avançados, a artroplastia total ou parcial, que substitui a articulação por uma prótese, é a solução definitiva para restaurar a função do joelho e aliviar a dor crônica.

O que fazer para fortalecer o joelho com artrose? 

Fortalecer a região afetada pela artrose é essencial para melhorar a função, reduzir a dor e prevenir a progressão da doença. Desse modo, algumas estratégias trazem resultados de curto, médio e longo prazo. Confira!

1. Exercícios de fortalecimento muscular

Agachamentos, elevações de pernas retas, extensões e flexões de perna fortalecem os quadríceps e isquiotibiais. Com o fortalecimento desses músculos, a estabilidade aumenta, reduzindo a dor e melhorando a função da articulação.

2. Exercícios de baixo impacto para artrose no joelho

A prática de atividades de baixo impacto minimiza o estresse nas articulações, enquanto promove a mobilidade. Natação, ciclismo e caminhadas em superfícies macias são excelentes opções para quem sofre de artrose no joelho, pois oferecem um treino cardiovascular eficaz, sem sobrecarregar os ossos e cartilagens.

3. Alongamento

Alongar os músculos das pernas e coxas aumenta a amplitude de movimento e previne lesões. Para isso, é recomendável realizar alongamentos antes e após os exercícios para preparar os músculos e facilitar a recuperação. Manter uma boa flexibilidade pode contribuir para um melhor desempenho nas atividades diárias e aliviar a dor nas articulações.

4. Controle de peso

O excesso de peso aumenta a carga nas articulações, acelerando o desgaste da cartilagem e agravando os sintomas. Portanto, adotar uma alimentação equilibrada, rica em nutrientes e pobre em alimentos processados, juntamente com a prática regular de atividades físicas, é fundamental. 

5. Fisioterapia para artrose no joelho

Um fisioterapeuta especializado em artrose no joelho pode criar um programa de exercícios personalizado, e ensinar técnicas adequadas de movimento. A orientação profissional evita lesões e maximiza os benefícios do movimento. Além disso, a fisioterapia pode incluir terapias manuais, exercícios de equilíbrio e treinamento funcional, que visam melhorar a força e a mobilidade. 

6. Uso de órteses

O uso de órteses ou joelheiras pode ser benéfico para indivíduos com artrose, proporcionando suporte adicional à articulação e ajudando a aliviar a dor no joelho, permitindo que a pessoa se exercite com mais confiança. As órteses distribuem a carga nas articulações de maneira mais uniforme, reduzindo a pressão em áreas específicas e melhorando a funcionalidade do joelho.

Homem colocando gelo na rótula - site Dr. Marcelo Correa - Reumatologista em Belém - PA

7. Compressas quentes e frias

O calor ajuda a relaxar os músculos e aumentar a circulação sanguínea, proporcionando alívio da dor antes de exercícios ou atividades. Por outro lado, o frio reduz a inflamação e a dor após atividades físicas, auxiliando na recuperação.

Alternar entre compressas quentes e frias pode oferecer um alívio significativo, contribuindo para a melhora na qualidade de vida.

8. Suplementos 

Suplementos, como glucosamina e condroitina, têm sido estudados por seus potenciais benefícios na saúde das articulações, aliviando a dor e outros sintomas da artrose no joelho. No entanto, é essencial discutir com um profissional de saúde a adequação e a dosagem dos suplementos, garantindo que sejam seguros e benéficos.

9. Manter-se hidratado

A água desempenha um papel crucial na manutenção do volume do líquido sinovial, que nutre as cartilagens e ajuda a protegê-las contra o desgaste. Incluir uma quantidade adequada de líquidos na dieta diária é uma prática simples, que pode ter um impacto positivo na saúde das articulações.

10. Evitar movimentos de alto impacto

Movimentos de alto impacto, como correr, saltar ou praticar esportes de contato, podem agravar os sintomas e acelerar a degeneração da cartilagem ao criar uma lesão por esforço repetitivo.

Optar por atividades de baixo impacto e modificar exercícios para minimizar o estresse nas articulações é fundamental. Além disso, é essencial ouvir o corpo e respeitar os limites, evitando atividades que possam causar dor ou desconforto.

Quanto tempo leva para curar artrose no joelho? 

O tempo necessário para ver melhorias nos sintomas da artrose no joelho varia de pessoa para pessoa, dependendo de fatores como a gravidade da condição, a adesão ao tratamento, a idade e o estado geral de saúde.

Com um plano de tratamento adequado, que pode incluir fisioterapia, exercícios de fortalecimento, controle de peso e, em alguns casos, medicações ou injeções, muitas pessoas podem notar uma redução das dores nas juntas e uma melhora na mobilidade em semanas ou meses. No entanto, o gerenciamento da artrose é um processo contínuo, e é importante manter uma rotina de cuidados para garantir os melhores resultados a longo prazo.

O Dr. Marcelo Corrêa é formado pela UFPA, com residência em Clínica Médica pela Universidade de Taubaté e em Reumatologia pela Universidade Federal de São Paulo/Escola Paulista de Medicina e Mestrado em Reumatologia pela mesma instituição. CRM/PA 6388. RQE 5441.

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